Por que 2021 não é 1964: Eleições de 2022
Comenta-se sobre um golpe por parte do governo Bolsonaro. Porém, Não há, nem de longe, clima para um golpe bolsonarista – mas está mais claro, hoje, que as eleições do ano que vem correm risco de não serem respeitadas
De modo inédito depois de 1988, as Forças Armadas voltaram a participar ativamente da política eleitoral em 2018 ao apoiarem Jair Bolsonaro. Segundo o projeto Varieties of Democracy (VDEM), que mede centenas de aspectos sobre regimes políticos e qualidade da democracia, o PSL do então candidato é um dos cinco partidos mais antidemocráticos do mundo. Deve essa proeza ao ex-capitão e sua retórica na campanha.
O projeto VDEM também mostra que o envolvimento militar na política atingiu seu pico, na América do Sul, no fim dos anos setenta, declinando desde então com uma leve subida a partir de 2012. (A variável selecionada no banco de dados para acessar esta informação é “Military Dimension Index”).
Setores relevantes das Forças Armadas ignoraram o componente antidemocrático da candidatura de Bolsonaro – e a tendência de as corporações se distanciarem da política partidária – em 2018. Pagam agora o preço.
Por ora, o resultado não é dos piores. A chance de um golpe bolsonarista dar certo sem apoio de maioria parlamentar e empresarial tende a zero. O presidente ficou parecendo mais janista do que castellista. Está claro que, por enquanto, a maioria dos militares prefere democracia a uma ditadura sob Bolsonaro. A questão relevante para 2022 é: continuarão preferindo democracia se Lula (PT) disputar e vencer?
Não será ano que vem que as Forças Armadas irão reparar o erro de voltarem à política em 2018.
(Este artigo expressa a opinião do autor, não representando necessariamente a opinião institucional da FGV.)
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